5º Capítulo

A Profecia 

Aconselho esta musica com este capitulo.

Caminha nu de olhos fechados em direcção do parapeito da varanda do quarto real. A brisa da noite faz os Seus longos cabelos brancos esvoaçar. 300 Anos foram mais do que suficientes para conhecer todo o palácio Heaven como as palmas de suas mãos.
Antes de chocar com o parapeito, pousa suavemente as mãos no rebordo de pedra esculpida, inclina a cabeça para trás e abre os olhos para o céu estrelado. Uma das luas já desapareceu no horizonte e a mais pequena desponta agora timidamente por trás das montanhas para leste. Estende um braço para o céu e fecha a mão como se tivesse apanhado uma estrela.
Já está madura para colher?
Ouve Araiel dizer da porta. Volta-se com a mão fechada à Sua frente e vê Araiel, também nua, as finas cortinas a esvoaçarem ao ritmo da brisa nocturna entre ela e a rua.
Sim, apanhei-a para ti.
Abrindo a mão e esticando a mão na direcção dela, uma pequena centelha de luz pulsante sai voando e oscilando pelo ar na direcção de Araiel que a apanha com as mãos em forma de concha.
Muito Obrigada, podemos voltar a pôr esta pequena de volta no seu lugar e contempla-la todas as noites.
E solta a pequena centelha de luz para o céu, Ele ri-se e comenta:
Quantas estrelas já te ofereci?
Já perdi a conta.
Diz ela caminhando na sua direcção.
Mesmo assim despida do traje real continua a parecer uma rainha, pensa Ele para si mesmo.
Nunca fui muito bom na arte da fascinação, este é dos poucos feitiços que sou capaz…
És capaz de muitas outras coisas e muito mais!
Afirma ela quando passa madeixa do cabelo branco Dele por trás da orelha.
Não me sinto capaz agora.
Ela abraça-O, Ele deixa cair a cabeça e ela beija-O na testa.
Depois de um momento assim, já banhados pela luz da pequena segunda lua, sem levantar a cabeça Ele diz:
Sabes, adoro o teu peito.
Ela ri-se e voltam a correr para o quarto como se fossem dois adolescentes.






Aconselho esta musica com este capitulo.

Odeio ter de lidar com estes… Estes Wendigo! São simplesmente nojentos! E o cheiro, o cheiro meu Baal!
Compreendo Monsenhor Bazílio, mas nós precisamos dos ovos deles, infelizmente.
Diz Ele tentando reconfortar o velho mago, tentando esconder a repulsa que também sente.
O consílio está reunido?
Pergunta Ele tentando evitar olhar para os Wendigo.
Sim meu Baal, mas e os Wendigo?
Diz o mago nervosamente apontando com gestos da cabeça para os 5 Wendigo que vasculhavam, cheiravam, lambiam e perscrutavam cada canto e aresta do escritório do Presidente do Consílio dos Magos. Os Wendigo cheiram a carne podre. A lenda diz que antes da Grande Guerra os Wendigo eram Anjos como o Estrela da Manhã, mas quando perderam as asas tornaram-se em criaturas mortais de pele cinza, olhos vermelhos, dentes serrilhados e garras em vez de unhas. São carnívoros, alimentam-se de sangue e há boatos que dizem que são canibais, felizmente são extremamente alérgicos à luz do sol.
Ele dá dois passos na direcção dos Wendigos que param imediatamente o que estavam a fazer e olham para Ele rosnado silenciosamente.
Baalin Wendigo, permitam que me ausente por um breve instante, deixo-os na companhia destes dois jovens cavaleiros, com a vossa licença.
Olha para os dois Querubins que aparecem à porta do escritório, faz-lhes um aceno com a cabeça e eles tomam posição em cada lado do escritório bloqueando a saída, faz uma vénia aos Wendingo que já tinham voltado ao que estavam a fazer ignorando-O, pousando uma mão no ombro do velho Mago Bazílio encaminha-o para fora do escritório e a porta fecha-se atrás deles sem ninguém lhe tocar e tranca-se.
Caminha lentamente ao lado do Mago mais velho em toda a Shambhala, talvez de todo o planeta Géia, sem olhar para ele pergunta:
Qual é a palavra do consílio Monsenhor?
Aclarando a voz, hesitantemente o velho homem começa a falar:
Os 9 ovos são perfeitos, todos os cálculos e medidas foram tiradas várias vezes sempre com o mesmo resultado, os astros estão no alinhamento perfeito…
O Mago aclara a voz mais uma vez:
Todos concordamos que é este o momento exacto e, segundo claro, as indicações deixadas por Lúci…
Aclarando a voz nervosamente, sentindo que os olhos Dele se desviaram do caminho para si:
Perdão, dizia: deixadas por Estrela da Manhã, todas as 9 partes estarão num só local no exacto momento que o cometa cruzar o Véu, e…
O Mago para o seu caminhar afectado por séculos de existência, volta-se para Ele, pousando uma mão enrugada no ombro, olha-O nos olhos e diz:
E tu o que sentes meu jovem aprendiz? Tu mais do que ninguém neste Verso ou no outro tem uma ligação com Ele. Ele é parte de ti, e tu parte Dele.
Esboçando um leve sorriso Ele responde:
Ele chega amanhã!
Beija a mão do seu mestre e acrescenta:
Deixo-o na companhia dos seus e que a Grande Mãe esteja connosco.
Na sua mente forma-se um pensamento: «Destruam-nos!». No escritório os dois jovens Querobins olham um para o outro, desembainham os punhais, e os gritos de terror e fúria dos Wendingo são abafados pelas grossas paredes do palácio.
Vai para a tua família.
Despede-se o velho Mago ao vê-Lo ir calma e serenamente como era costume o vê-Lo caminhar pelos corredores do palácio. O jovem Zaphirt aparece a correr na sua direcção e a gritar:
Pai, pai podemos ir apanhar morangos?
O Mago sorri e a porta que está nas suas costas abre-se sem ninguém lhe tocar, o Mago entra e a porta fecha-se.


Nota: O pronome pessoal “ele” outros pronomes estão em letra maiúscula para identificar a personagem principal das outras personagens que também podem ser identificadas por pronomes.
Nota: Baal (em hebraico בַּעַל) é uma palavra semítica que significa Senhor, Lorde, Marido ou Dono (Dom). Baal é representado em grego como Belos e em latim como Belus. Esta palavra em hebraico é cognata de outra em arcádio, Bel, com o mesmo significado. A forma feminina de Baal é Baalath, o masculino plural é Baalin, e Balaoth no feminino plural. Esta palavra não tinha conotação exclusivamente religiosa, podendo ser empregada em relações pai e filhos (por exemplo) não sendo obrigatória uma separação hierárquica. Eu uso esta palavra da na mesma forma, para denominar alguém “Senhor”, “Senhora”, “Lorde” ou outro titulo de nobreza ou de importância política.



"E temos ainda mais firme a palavra profética à qual bem fazeis em estar atentos, como a uma candeia que alumia em lugar escuro, até que o dia amanheça e Lúcifer surja em vossos corações" (II Pedro 1:19)

Géia na Era de Adão e Eva




"E temos ainda mais firme a palavra profética à qual bem fazeis em estar atentos, como a uma candeia que alumia em lugar escuro, até que o dia amanheça e Lúcifer surja em vossos corações" (II Pedro 1:19)

Géia (Antes da Grande Guerra)




"E temos ainda mais firme a palavra profética à qual bem fazeis em estar atentos, como a uma candeia que alumia em lugar escuro, até que o dia amanheça e Lúcifer surja em vossos corações" (II Pedro 1:19)

Géia (Actualmente)




"E temos ainda mais firme a palavra profética à qual bem fazeis em estar atentos, como a uma candeia que alumia em lugar escuro, até que o dia amanheça e Lúcifer surja em vossos corações" (II Pedro 1:19)

Profecia de Adão



Heosphoros, Demónio, cairá do céu sobre as nações. Príncipe vazio de alma, Eterno, destruirá o Homem e todos os que se entreporem.

A Mãe ficará infértil ao seu toque. Uma única palavra da sua Língua prostrara o Homem aos seus pés. Aquele que com suas negras asas tapara a Luz gritará o nome Dela para toda a Eternidade, e nunca ninguém poderá falar o seu nome, Heosphoros.

Profecia de Adão



"E temos ainda mais firme a palavra profética à qual bem fazeis em estar atentos, como a uma candeia que alumia em lugar escuro, até que o dia amanheça e Lúcifer surja em vossos corações" (II Pedro 1:19)

4º Capítulo

FM666

Pete Dorothy conduz o seu camião na avenida paralela ao rio que dá acesso a doca de carga quando passa por um grupo de bêbados a uivar e a dançar de braços abertos para o céu, aperta a ruidosa buzina do seu camião e os bêbados começaram a chamar-lhe tudo menos santo e a fazer-lhe gestos obscenos, Pete solta uma ruidosa gargalhada e retribui-lhes o gesto, e depois segue o seu caminho sorridente e aumenta o volume do rádio.



«Sea of heartbreak.
Lost love and loneliness,
Memories of your caress.
So divine how I wish
You were mine again my dear.
I’m on this sea of tears,
Sea of heartbreak


Sea of heartbreak
Sea of heartbreak
Sea of heartbreak.»

«São 7 horas e 5 minutos, estivemos a ouvir o lendário Johnny Cash a interpretar Sea of heartbreak. Esta é a Rádio FM666. Já devem ter ouvido falar do tal cometa que hoje vai passar muito próximo da terra. Se quiserem partilhar a vossa opinião com os nossos ouvintes podem ligar para o número 666 666 666, é grátis e podem falar comigo em directo, eu sou Ted Maverick, este vosso criado ao vosso dispor, estão a ouvir o programa da manhã na FM666, Parece que temos o nosso primeiro ouvinte em linha: Bom dia, está em directo, quem temos o prazer de estar a ouvir?»
«Só liguei para dizer que esta rádio é uma abominação e uma ofensa à palavra de Deus, e o cometa que aí vêm é sem duvida um anjo vingador que vai trazer a vingança e a destruição aos prevecar… prevaca… priviuaca… aos ordinários como o Ted, e vão todos arder no inferno.»
«Minha senhora com o calor que tem feito nos últimos dias acho que já estamos todos no inferno. Mais uma chamada em linha: Bom dia, está em directo na FM666, quem temos o prazer de estar a ouvir?»
«Bom dia, sou professor de astronomia e…»
«Como se chama?»
«…o acontecimento que decorrerá hoje será uma maravilha da natureza, quem olhar para o céu esta noite poderá testemunhar um espectáculo diferente. O horizonte será cortado por uma chuva de meteoritos do cometa Heosphoros, ou Estrela da Manhã como lhe chamam por poder ser visto a plena luz do dia a olho nu…»
«Dá aulas em que escola e qual é o nome do senhor?»
«As condições meteorológicas são as melhores e a intensidade da chuva de meteoros será de tal ordem que nem as luzes da cidade conseguirão impedir que se aprecie esta maravilha…» «O seu nome é?»
«É tão raro este acontecimento que este cometa só passa perto da terra de 2000 em 2000 anos. Alguns estudiosos acreditam que foi este cometa que os Reis Magos seguiram até ao sítio onde nasceu Jesus de Nasar…»
«Acho que a chamada caiu quando carreguei no botão de desligar, não sei quanto a vocês mas já tive a minha dose de fanáticos religiosos por hoje. Vamos à música, são 7 horas e 15 minutos, e vamos ouvir Don Gibson a interpretar Woman – Sensuous Woman.»




«Woman, sensuous woman
You control the world I’m living in
Woman, sensuous woman
Release my body and let me live again»

Ao se aproximar da portaria da doca Pete baixa o som do rádio, buzina para o guarda que controla a cancela e ao chegar perto dele pára o camião:
- Bom dia Larry, então hoje vai chover  pedra do céu? – diz soltando uma gargalhada.
- Parece que sim Pete, parece que sim. – E faz um aceno dizendo para seguir.
Pete acelera o camião doca a dentro.



"E temos ainda mais firme a palavra profética à qual bem fazeis em estar atentos, como a uma candeia que alumia em lugar escuro, até que o dia amanheça e Lúcifer surja em vossos corações" (II Pedro 1:19)

3º Capítulo

A Anunciação




Ele está sentado no sítio do costume e olha lá para fora, para as luzes da cidade. Costuma ir para ali nas noites que não consegue dormir, mais vezes do que Ele próprio gostaria de admitir. É uma espelunca aberta 24 horas onde só lá vai a escumalha da sociedade, e Ele. A TV estava sempre ligada, sem som, no canal televendas.
O cinzeiro transborda de beatas, sente a boca amarga e a garganta arranhada do tabaco. Naquele momento tudo era preferível ao sabor a sangue com que acordara. Inspira profundamente, inalando o fumo e o cheiro a mijo que por ali emanava, dava-Lhe algum conforto e segurança aquele fedor, quando sentiu a mão de Natanael pousada no ombro, que divertidamente o cumprimenta com:
A cheirar as Rosas? Até a merda cheira melhor que este sítio…
Sentando-se à sua frente.
Se não gostas põe-te daqui para fora!
Resmunga a empregada que está nos seus 50 e tal anos e que usa umas meias de rede por baixo de uma saia demasiado curta para o bem dos clientes.
Calma, calma.
Diz Natanael olhando-a de cima a baixo fingindo sentir um calafrio.
Trás lá uma garrafa do melhor whisky que tiverem, aqui o meu amigo faz anos.
Só temos uma qualidade, já têm sorte se os copos vierem lavados.
Volta-se para o balcão para ir buscar o whisky.
Ah, parabéns.
Diz olhando para Ele por cima do ombro.
Paneleiros do raio, só me aparecem aqui é filhos da mãe…
Resmunga entre dentes enquanto se afasta.
Ele nem ouviu nada, não conseguia esquecer a cara da mulher que aparece no Seu sonho, amava-a. Ele sabia isso, mas só e unicamente a tinha visto em sonhos, naquele pesadelo que O atormentou toda a Sua vida. Lutava para não se desfazer em lágrimas à frente do amigo, da empregada e de um par de bêbados que discutiam o misticismo por trás da passagem de um tal cometa.
Então meu 33?Estás acabado.
Natanael trá-Lo de volta do torpor com uma palmada no cotovelo e uma gargalhada. Ele levanta o copo quase vazio de whisky que tinha estado a bebericar antes de Nat chegar e como se fizesse um brinde no ar acrescenta:
Ya, podes querer!
Soltando um esgar mais ou menos parecido com um sorriso.
O mesmo pesadelo outra vez? Deixaste de ir às consultas a Cloé diz que nunca mais te viu lá na clínica.
Olha, por falar na Cloé… Ela não se importa que venhas ter comigo a estas horas e a deixes sozinha em casa com o Rafael?
Foda-se, não mudes de assunto e…
Nat pensa por um segundo.
Não, não se importa, acho eu…
Faz outra pausa e muda de assunto.
Olha demorei mais tempo porque passei na casa do Rute, o gajo vêm aí e trás surpresa.
Já há bué que não vejo esse cabrão.
Acrescenta Ele abanando a cabeça afirmativamente.
Ya, pois, ele agora tem uma namorada nova e tal.
Nat levanta as sobrancelhas e faz uma cara como se não compreendesse a atitude do velho amigo Rute.
Tens a visto? (“tem-la visto” é a forma correcta, mas não é assim que se fala vulgarmente)
Diz Ele do nada enquanto termina o resto do whisky olhando para o Seu reflexo no vidro da montra.
Quem? O quê?
Sabes bem de quem estou a falar não te faças de parvo.
Diz Ele um pouco irritado. Da porta ouvem a voz de Rute:
Há coisas que não mudam, estas duas putas relongueiras continuam aqui onde as deixei da última vez.
Ele e Nat olham para a entrada e vêem Rute e Phil que se dirigem para eles. Rute que vem à frente diz-lhes:
Tinha esta porca lá em casa hospedada e tive de a trazer. – Apontando para Phil.
Ya, cheguei ontem, vim para fazer uma surpresa aqui ao maricas… – Dando-Lhe um soco no ombro. – E também porque queria convidar a malta para uma cena amanhã. – Acrescenta Phil quando se senta a Seu lado.
Os quatro amigos mergulham na conversa animada quando a empregada chega com a garrafa de whisky e um copo, voltando para o bar a resmungar porque tinha de ir buscar mais dois copos. Na mesa contavam-se estórias de quem não se via há quase um ano, Ele fingia rir e participar, de vez em quando olhava para o seu reflexo no vidro da montra ao seu lado. Phil reparou nisso várias vezes e por várias vezes teve vontade de lhe perguntar o que se passava, mas voltava logo de seguida ás estórias da sua aventura no estrageiro.

Os quatro estavam sentados num muro junto ao rio a beber cerveja e a contemplar o céu a ficar mais claro à medida que o sol nascia. No céu já só se via a estrela de Vénus e o tal cometa que se falava nas notícias.
Nat quebra o silêncio:
Fogo vais casar! – Limpando a cerveja que lhe corre queixo abaixo por ter falado de boca cheia no ombro da t-shirt da rua sésamo que trás vestida.
Ya, não sei qual é a tua porque tu também já casaste.
Atira Phil, acompanhando a afirmação com um manguito.
Maravilhoso… – Sussurra Ele. Os outros voltam as cabeças para o olharem.
Foda-se, é altamente! – Diz desta vez mais alto, como se tivesse tido uma ideia brilhante. Os amigos olham para Ele como se tivesse soltado um peido.
Sim! – Salta do muro para o chão abre os braços para o ar e grita:
FELICIDADES AMIGO JAEL PHILISTINE . – E uiva.
Nat e Rute saltam também para o chão e de braços no ar começam também a uivar, Phil quase cai do muro a rir, saltando para o chão para se juntar aos três naquela dança e uivos que mais parece uma espécie de ritual em honra do cometa que se aproxima.
Um camião que se dirige às docas passa por eles e buzina, eles saúdam o camionista com manguitos e muitos nomes.



Nota: O pronome pessoal “ele” outros pronomes estão em letra maiúscula para identificar a personagem principal das outras personagens que também podem ser identificadas por pronomes.



"E temos ainda mais firme a palavra profética à qual bem fazeis em estar atentos, como a uma candeia que alumia em lugar escuro, até que o dia amanheça e Lúcifer surja em vossos corações" (II Pedro 1:19)

2º Capítulo

A Espera


Aconselho esta musica ao ler este capitulo.


O Seu longo cabelo branco, atado na tradicional trança, parece-lhe agora mais um empecilho do que nunca quando o afasta dos olhos. Caminha calma e lentamente como era costume vê-Lo percorrer os corredores do palácio em qualquer outro dia vulgar. Mas hoje não era um dia vulgar, e Ele não se sentia calmo. Tinham passado 330 anos desde a Sua chegada àquela terra que O recebera como um deles, mas Ele não era um deles. Perguntou-se muitas vezes se teria sido recebido da mesma maneira se não fosse Ele quem é, se não fosse… Esses pensamentos evaporam-se imediatamente quando a vê, Araiel a sua mulher, e os Seus filhos adoptados, Bellathel uma rapariga de 23 anos de longos cabelos castanhos ondulados e grandes olhos verdes, e o pequeno Zaphirt de 6 anos que corre para Ele e se lança nos seus braços:
Pai, pai podemos ir apanhar morangos?
Ele pega no filho ao colo e olha para a filha que se aproxima:
O pai está um pouco ocupado. Se a tua querida irmã não se importasse e não tivesse que ir partilhar com as amigas de que rapaz gosta mais na academia…
O pai sabe perfeitamente que não tenho tempo para rapazes mimados que pensam que só porque fazem parte da elite são mais do que os outros.
Araiel ao aproximar-se pega no pequeno Zaphirt e Ele executa uma vénia solene passando um braço por baixo do peito e outro nas costas.
Minha Rainha!
Não precisas tratar-me com tanta circunstância quando estamos em privado.
Diz Araiel divertida com o filho ao colo.
Serás sempre a minha rainha em todas as circunstâncias – Diz fazendo outra vénia.
Bem, terei de recompensar muito bem este meu fiel súbdito mais tarde. – Estendendo a mão para que ele a beije.
Zaphirt tapa os ouvidos e começa a cantarolar.
Nham nham nham nham.
Arranjem um quarto por favor…
Diz Bellathel enquanto se afasta a rir.
Zaphirt desenvencilha-se dos braços da mãe mas não antes de levar um beijo na face e sai a correr atrás da irmã. Sozinhos no corredor central do palácio Araiel passa as mãos pelo pescoço Dele e beija-O ternamente nos lábios e depois olhando-O nos olhos como que a tentar saber o que Ele está a pensar diz:
Deixa-me carregar parte do fardo que endurece os teus ombros.
Como se o teu fardo fosse menor Minha Rainha.
Não tens de me lisonjear mais por esta noite.
Ele afasta-se delicadamente e olhando para cima, para a estátua branca do Anjo que se ergue do chão de mármore negro a seus pés, diz:
Ele chega amanhã, o Estrela da Manhã chega amanhã.
Ela aproxima-se Dele, abraça-O por trás e beija-O na face:
…ainda temos esta noite.
Ele volta-se para ela, abraça-a e beija-a apaixonadamente desejando não haver amanhã.



Nota: O pronome pessoal “ele” outros pronomes estão em letra maiúscula para identificar a personagem principal das outras personagens que também podem ser identificadas por pronomes.



"E temos ainda mais firme a palavra profética à qual bem fazeis em estar atentos, como a uma candeia que alumia em lugar escuro, até que o dia amanheça e Lúcifer surja em vossos corações" (II Pedro 1:19)

1º Capítulo

O Sonho


Aconselho esta musica ao ler este capitulo.


O suor escorria-lhe cara a baixo, ardia-lhe nos olhos, o fumo e o cheiro a enxofre enchia-lhe os pulmões, sentia os pulsos a arder, e nas costas escorria um líquido viscoso e quente até às pernas. Com esforço tombou a cabeça no seu ombro direito, olhou e viu as grilhetas metálicas incandescente em brasa que se apertavam em volta dos seus pulsos, esticando os braços cada um na direcção oposta. Perdeu as forças e deixou cair a cabeça em direcção ao chão, e viu que o líquido viscoso e quente que lhe corria pelas costas era sangue, formando uma poça mesmo por baixo dos seus pés suspensos.
– As minhas aaaasas...
O grito saiu gutural e abafado pelo sangue que se acumulava na garganta, engasgou-se e vomita-o em convulsão, sangue e mais sangue.
O seu corpo retesa-se em fúria, e quase desiste ao sentir a dor percorrer-lhe as costas, e as longas feridas abertas onde antes tinhas as asas espirram mais sangue.
O fedor da sua carne a arder nos pulsos, o suor que lhe tolda a visão e o vapor escaldante que emana das paredes da caverna quase o impedem de ver quando eles, seres a quem uma vez ele chamou de irmãos, entram com ela, nua com os braços presos atrás das costas e cortes profundos das garras deles a marcarem-lhe a carne. Atiraram-na para o chão, um fio de sangue escorre-lhe da boca. Quando o belo rosto dela, agora desfigurado se ergue para encontrar os seus olhos, uma lâmina penetra das costas para aparecer no meio do seu peito num vermelho brilhante, os lábios dela mexem-se mas não ouve som, mas ele percebe o que dizem… – Amo-te…

– Nãããããoooo…
O grito surge na sua garganta como um reflexo, como um rugido, dobra-se sobre si mesmo, sentado na cama arfando e massajando os pulsos como se os acabasse de libertar de umas algemas. Ainda conseguia sentir o ardor nas costas junto aos omoplatas, como se algo lhe tivesse sido arrancado a pele, deixando uma ferida aberta.
A tremer e a cambalear força-se para fora da cama em direcção à casa de banho, debruça-se pesadamente sobre o lavatório e abre urgentemente a torneira da água fria, enche uma mão com água, lava o rosto e olha-se ao espelho…
– Estás todo fudido meu…
E antes de conseguir terminar, o impulso de vomitar leva-o a jogar-se de joelhos em frente da sanita…

São 4:45 da manhã e está um calor impossível na rua. Ele caminha como que embriagado na escuridão. É todos os anos o mesmo sonho, desde que se lembra, sempre o mesmo sonho, sempre o teve, em Agosto, sempre no dia 23 de Agosto. Mas desta vez foi diferente, desta vez foi como se tivesse mesmo lá estado, tão real que ainda sentia os pulsos magoados e o ardor nas costas ao ponto de ter tido dificuldade em vestir uma t-shirt. Chegou à cabine telefónica, inseriu o cartão pré-pago e marcou o número, ouviu o som de chamada e um momento depois a voz rouca e ensonada de um homem:
– Foda-se, não sabem que horas são caralh…
– Sou eu…
– Meu, não tens…
Uma pausa, num tom grave ouve no auscultador:
– Feliz aniversário meu, onde estás?
– No sítio do costume.
– Dá-me 15 minutos, já aí vou ter.
Desliga o telefone, e cambaleia para um beco ainda mais escuro.

Nota: O pronome pessoal “ele” outros pronomes estão em letra maiúscula para identificar a personagem principal das outras personagens que também podem ser identificadas por pronomes. 



"E temos ainda mais firme a palavra profética à qual bem fazeis em estar atentos, como a uma candeia que alumia em lugar escuro, até que o dia amanheça e Lúcifer surja em vossos corações" (II Pedro 1:19)