2º Capítulo

A Espera


Aconselho esta musica ao ler este capitulo.


O Seu longo cabelo branco, atado na tradicional trança, parece-lhe agora mais um empecilho do que nunca quando o afasta dos olhos. Caminha calma e lentamente como era costume vê-Lo percorrer os corredores do palácio em qualquer outro dia vulgar. Mas hoje não era um dia vulgar, e Ele não se sentia calmo. Tinham passado 330 anos desde a Sua chegada àquela terra que O recebera como um deles, mas Ele não era um deles. Perguntou-se muitas vezes se teria sido recebido da mesma maneira se não fosse Ele quem é, se não fosse… Esses pensamentos evaporam-se imediatamente quando a vê, Araiel a sua mulher, e os Seus filhos adoptados, Bellathel uma rapariga de 23 anos de longos cabelos castanhos ondulados e grandes olhos verdes, e o pequeno Zaphirt de 6 anos que corre para Ele e se lança nos seus braços:
Pai, pai podemos ir apanhar morangos?
Ele pega no filho ao colo e olha para a filha que se aproxima:
O pai está um pouco ocupado. Se a tua querida irmã não se importasse e não tivesse que ir partilhar com as amigas de que rapaz gosta mais na academia…
O pai sabe perfeitamente que não tenho tempo para rapazes mimados que pensam que só porque fazem parte da elite são mais do que os outros.
Araiel ao aproximar-se pega no pequeno Zaphirt e Ele executa uma vénia solene passando um braço por baixo do peito e outro nas costas.
Minha Rainha!
Não precisas tratar-me com tanta circunstância quando estamos em privado.
Diz Araiel divertida com o filho ao colo.
Serás sempre a minha rainha em todas as circunstâncias – Diz fazendo outra vénia.
Bem, terei de recompensar muito bem este meu fiel súbdito mais tarde. – Estendendo a mão para que ele a beije.
Zaphirt tapa os ouvidos e começa a cantarolar.
Nham nham nham nham.
Arranjem um quarto por favor…
Diz Bellathel enquanto se afasta a rir.
Zaphirt desenvencilha-se dos braços da mãe mas não antes de levar um beijo na face e sai a correr atrás da irmã. Sozinhos no corredor central do palácio Araiel passa as mãos pelo pescoço Dele e beija-O ternamente nos lábios e depois olhando-O nos olhos como que a tentar saber o que Ele está a pensar diz:
Deixa-me carregar parte do fardo que endurece os teus ombros.
Como se o teu fardo fosse menor Minha Rainha.
Não tens de me lisonjear mais por esta noite.
Ele afasta-se delicadamente e olhando para cima, para a estátua branca do Anjo que se ergue do chão de mármore negro a seus pés, diz:
Ele chega amanhã, o Estrela da Manhã chega amanhã.
Ela aproxima-se Dele, abraça-O por trás e beija-O na face:
…ainda temos esta noite.
Ele volta-se para ela, abraça-a e beija-a apaixonadamente desejando não haver amanhã.



Nota: O pronome pessoal “ele” outros pronomes estão em letra maiúscula para identificar a personagem principal das outras personagens que também podem ser identificadas por pronomes.



"E temos ainda mais firme a palavra profética à qual bem fazeis em estar atentos, como a uma candeia que alumia em lugar escuro, até que o dia amanheça e Lúcifer surja em vossos corações" (II Pedro 1:19)

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